Este é o Quarto capítulo da saga, e ele será dividido em duas partes. A segunda parte será postada na segunda feira, dia 14.02, também às 17h00. Não percam!
Enquanto isso, acompanhem a primeira parte do Quarto capítulo. Não esqueçam de curtir nossa página do Facebook ao final da leitura.
[Capítulo 4 - pt I]
Com o susto, Mia segurou forte o pescoço de Demian com sua mão direita e com a esquerda, impulsionou seu corpo para longe de Talita. Mia estava de olhos arregalados e suando frio e ainda muito assustada. Ofegante, começou a perceber que estava tudo bem, embora não conseguisse tirar da cabeça que muito provavelmente a culpada de tudo isso fosse Talita. Isso era o que uma parte de si acreditava; A outra, talvez por inocência, acreditava que ela não seria capaz de algo que sequer sabia ser capaz. Aos poucos soltou o pescoço de Demian que permanecia imóvel para não assustar ainda mais sua namorada, embora ele mesmo não estivesse tão calmo.
— Relaxa, Mia... Relaxa... — Dizia Demian, enquanto acariciava e arrumava os cabelos de Mia.
— Está tudo bem, Demian, pode me soltar... Me larga...
O silêncio se pronunciou em sua melodia quase que original, não fosse repetida de outras apresentações.
— Cadê a Juliana e o Tom? — Mia perguntou seriamente para o primeiro que respondesse.
— Esses são os nomes deles? Aliás, quem são eles? Que porra está acontecendo aqui? — Questionou Demian, enquanto Talita mantinha-se calada, sem a menor vontade de participar daquela conversa.
Mia se levantou. O local ainda era escuro e havia muito entulho espalhado pelo chão, cacos de vidro, pedaços de madeira com pregos mal colocados que poderiam ferir alguém descuidado facilmente. Demian estava com medo, pois aquela de forma alguma era sua namorada. Mia costumava ser delicada e inofensiva, enquanto aquela garota estava sendo bruta e deixando-o em alerta. Talita arrastou um pé de cada vez pelo chão, procurando afastar qualquer coisa do espaço que precisaria pisar, e assim, afastou-se dos dois. Por mais escuro que estivesse, ela se sentia mais segura longe dos dois.
Com as mãos perto da parede, Mia forçava sua vista para tentar enxergar algo. Procurava por alguma alavanca, algum tipo de interruptor que pudesse acender as luzes do local. Ela já estivera ali antes e pela posição das janelas, sabia que estava perto.
— O que você está fazendo? — Perguntou Demian.
Mia continuou em silêncio e procurando resolver o problema da escuridão.
— Volte aqui!
Suas mãos procuravam incansavelmente, enquanto seus olhos já haviam desistido.
— EEEI...
Finalmente! Mia puxou a alavanca para baixo, e as luzes imediatamente se acenderam. Não todas, pois algumas estavam queimadas, outras piscavam como se estivessem prestes a ter o mesmo destino, mas havia luzes acessas o suficiente para iluminar bem o local. No momento em que elas acenderam, todos e até mesmo Mia, sentiram uma dor muito forte em seus olhos. Antes a escuridão era completa, e com a luz repentina, ainda que não fosse muito forte, seus olhos sentiram a diferença.
Tom e Juliana já estavam praticamente acordados, mas não diziam nada, pareciam incapazes de pensar sequer em uma sentença que expressasse seu pânico. Quando Mia os avistou, andou rapidamente em sua direção. Demian correu para cima dela como se quisesse impedi-la. Por alguns instantes pensou ter visto uma expressão maliciosa em Mia, porém talvez fosse apenas a tensão do momento. Faltava apenas alguns passos largos para alcançar sua namorada.
— Mia, eu...
Ela virou-se e gritou, olhando profundamente nos olhos de Demian, tão profundamente quanto jamais havia olhado. Pode sentir o temor que ele sentia naquele instante, pode sentir em seu coração, a pulsação do coração dele; Lamentou também por ter que fazer aquilo. Dentro dela, algo lutava para sair e para ficar. O que mais sentia, talvez, era pena de si mesma. Demian não conseguia se mexer, percebeu que estava envolto em algo invisível, e não estranhou. Depois de tudo o que acabou de acontecer, nada era tão mais estranho para ele. Exceto, Mia. Quando terminou, não foi preciso mais nada para que Demian se afastasse.
Mia continuou seu caminho em direção a Juliana e Tom, que naquele ponto, já estavam completamente acordados e assustados.
— Levantem... — Disse enquanto puxava em um braço de cada — Estão bem? Certo, fiquem de pé e permaneçam calados. Todos vocês. Eu vou falar apenas uma vez.
Mia apontava com firmeza para todos eles. Enquanto andava, procurando ficar de frente para os quatro. Era chegada a hora onde todos saberiam de tudo. Ou ao menos o suficiente. Poucas palavras seriam necessárias, pois ela sabia que nem um deles questionaria demais. Coisas estranhas acabaram de acontecer, e poucos “porquês” sem qualquer resposta se perderam no ar. Era tudo o que ela precisava.
Ela sentia medo, coisa que não achava que sentiria. Então ela parou, virou-se de frente para todos. Eles tinham receio, sentiam que nada estava certo... E não estava! Mas era possível perceber que todos se uniriam de uma forma ou de outra. Entretanto, havia uma pessoa que não se encaixava, havia alguém que não estava ali pelos mesmos motivos que os outros. Mas Mia não tinha com o que se preocupar, tudo estaria sob controle muito em breve.
***
A casa era grande. Não havia ninguém dentro dela. Tudo havia saído como o planejado. Mas ainda que algo pudesse dar errado, dois segundos era tempo suficiente. Os três rapazes se aproximaram, atravessando o jardim. Todos vestidos de preto, mas sem a intenção de se esconderem. Eram ladrões sem medo, embora não fossem roubar nada. Não ainda.
Ainda na metade do caminho, o rapaz de estatura média, segurou os capuzes do moletom dos outros dois e saltou. Levou consigo, para o alto, os dois. Ao atingir a altura certa e o ângulo que desejava, girou seu corpo diagonalmente. Com este movimento, arremessou, um de cada vez, os dois rapazes por duas janelas. O movimento não era necessário, mas a diversão por trás dele era... Completamente. Dentro de cômodos separados, os gêmeos esconderam em locais estratégicos que já conheciam dois pergaminhos. O rapaz mediano já estava no chão, voltando pelo mesmo caminho que viera. Os outros dois, quando terminaram, se teleportaram um para cada lado de seu arremessador e o seguiram, colocando seus capuzes.
— Jogue conosco... — Disse um dos gêmeos, acrescentando um pequeno riso ao final.
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