Uma nova sexta-feira, um novo capítulo e mais uma novidade. Na verdade, algumas novas novidades. Apresento-lhes o novo colaborador de O Segundo Clã.
Henrique Pereira.
Um grande amigo meu, que agora fará parte desta grande etapa de minha vida. 18 anos, também reside em São Bernardo do Campo. Cursa Ciência da Computação na FEI de São Bernardo. A partir de hoje ele estará me auxiliando nas postagens e adicionando novos textos à história. A página do Autor, aqui no blog foi atualizada. Clique aqui e confira. Seja bem vindo, Henrique.
A outra novidade, é que esta semana gravei uma entrevista para minha mais nova parceira Camila Soares, do blog The World of books. Muito em breve esta entrevista estará disponível no blog dela. Assim que estiver também disponibilizo para vocês. Obrigado, Camila.
Sem mais delongas, vamos ao quinto capítulo de O Segundo Clã. Não se esqueçam de curtir nossa página no facebook ao final de sua leitura.
[Capítulo 5]
Por algum motivo, Talita já havia percebido o que era capaz de fazer. Empolgou-se e deixou-se levar pelo impulso de saber até onde iria, apenas por capricho. Sem querer, descobriu que Mia desconfiava dela. Pensou que talvez pudesse já estar exagerando, mas logo afastou essa ideia da cabeça. Quis contar para Demian o que havia conseguido, mas não devia. Não ainda. Talvez ela tivesse planos para um futuro próximo, ou talvez ela apenas não desejasse contar.
Mia não acordou. Permaneceu deitada e inconsciente, enquanto Demian e Talita a observavam. Demian se afastou e tateou a parede em busca de alguma coisa para ascender a luz do local. Se é que naquele maldito lugar havia eletricidade.
— Não acho nada nessa merda de lugar — Reclamou Demian para Talita.
— Vá para perto do portão, lá deve ter algo!
Demian foi. Talita deixou Mia no chão e cuidadosamente arrastava seu pé por onde pisava, na tentativa de limpar esses locais, e sentir os outros dois que ali estavam. Tom e Juliana, pensou. Não demorou muito, Demian encontrou uma pequena alavanca. Quando acionada, ascendeu algumas poucas luzes que ainda funcionavam. Mais da metade estavam queimadas. Ainda assim, seus olhos rejeitaram a claridade imediata. Os dois abaixaram a cabeça para tentar se livrar daquele incomodo. Logo, Talita olhou ao seu redor, e encontrou os outros dois.
Quando Demian ia se aproximando, notou que Talita pareceu ter se machucado com algo. Correu em sua direção para ver se estava tudo bem.
— Está tudo bem?
Talita apontou para Tom, que estava suando. Demian tentou tocá-lo para acordá-lo.
— Mas que merda, ele está queimando. Isso é algum tipo de autocombustão? Ele está a ponto de pegar fogo!
Então Talita começou a se lembrar de algumas coisas. Neste mesmo momento, rasgou a camiseta de Demian e colocou sobre a mão de Tom.
— Você enlouqueceu? Rasgou minha camiseta para isso? Ele está des...
Naquele instante, o pedaço de tecido começou a pegar fogo. A lavareda que nasceu foi grande e assustou Talita que, por impulso, acabou empurrando Demian para trás.
— Ele faz as coisas pegarem fogo! — Talita estava séria quando falou isso, ainda que também desacreditasse tanto quando sobre ela mesma.
— Certo. Onde estão as câmeras? Isso é algum tipo de pegadinha? Vou aparecer na televisão, é isso? VOCÊ ENLOUQUECEU? — Demian quase sentiu-se mal pelo tom de voz que usou.
— Coloque uma pedra na mão dele. — Talita pediu, mas Demian hesitou. — Agora!
O rapaz o fez e esperou. Talita ainda que soubesse que não estava errada, prostrou-se ao seu lado e também aguardou. A pedra também pegou fogo.
A garota se adiantou e chutou a mão do rapaz que, imediatamente abriu os olhos e acordou. Demian foi ajuda-lo e notou que sua temperatura já era amena. Apoiou o outro garoto em seu ombro e o ajudou a ficar de pé. Enquanto isso, Talita estava tentando acordar Juliana. Segurou o rosto da outra garota e delicadamente a despertou. Quando todos estavam de pé, Demian e Talita se entreolharam. Ela percebeu o quão atônito estava o rapaz, e não o julgou. Quis consolá-lo, mas não pode. Não se pode consolar quando se precisa ser consolado. Quis fazer com ele o mesmo que fizeram com Mia, instantes atrás. Mas não podia. Não devia.
— Você quase se incinerou sozinho, cara. — Advertiu Demian, ao ainda desconhecido, Tom.
— O que está dizendo? Quem são vocês? — Questionou Tom, que parecia estar um tanto assustado.
— Fique calmo, pois também não sabemos quem são vocês. Eu apenas conheço o Demian, que está ao seu lado. — Deixou alguns segundos para que os dois se olhassem — Meu nome é Talita. Agora quanto a vocês dois eu não f...
De repente, Demian, Talita e Tom ouviram alguém correndo. Juliana, assustada, corria em direção ao portão. Seu coração batia forte, e seu medo havia a consumido por completo. Em um instante sentia a cada passo de sua corrida desenfreada em busca da liberdade, o peso de seu corpo apoiado em cada perna; Em outro, sentiu-se dentro de um buraco. Sua visão falhou e quando voltou, estava de frente com o grande portão, sem tempo ao menos para dizer a nobre palavra que chegou em sua cabeça, talvez até mesmo de forma incompleta. Seu corpo havia se teleportado até ali, em direção exata a um grande impacto com uma enorme chapa de aço, que era o grande portão. Seu corpo recebeu o impacto, e com isso fora arremessado para trás. Antes de atingir o chão, novamente sentiu-se completamente leve, sem peso algum, caindo infinitamente dentro de um enorme buraco. Imediatamente, após a segunda falha de sua visão, estava caída ao lado de Demian, Tom e Talita que se assustaram e se livraram da vontade de correr. Juliana imediatamente empurrou seu próprio corpo para longe deles, embora também quisesse ir para longe de si mesma.
Demian olhou para Talita e para o rapaz desconhecido ao seu lado, em busca de alguma resposta, mas descobriu que ambos também estavam a procura da mesma. Tom ainda tentou correr, mas Demian o segurou. Não sabia se estava pronto para ver algum outro tipo de portal do inferno fazendo isso com o garoto que talvez fosse o próprio fogo do Diabo. Ainda que atônito, manteve-se calmo. Ao menos visualmente.
Juliana estava encostada em uma parede logo atrás deles, visivelmente abalada. Talita tentou se aproximar mas foi repelida pelo simples gesto apavorado da garota. Demian olhou para Mia, e notou que ela estava se mexendo. Correu para ajudar sua namorada. Quando chegou perto ouviu ela dizer algo. Sem entender, perguntou novamente e ela respondeu.
— A Juliana precisa pegar aquela chave.
— Que chave?
— A que eu deixei do lado de fora. Ou ela pega, ou vamos ficar aqui até nos matarmos.
— Por que você deixou a chave lá fora? Será que todos aqui enlouqueceram?
— Não enlouquecemos... Nos tornamos doentes.
— O quê?
Mia se livrou de Demian, e começou a andar em direção a Juliana. No momento em que ela saiu de seu lado, olhou para Talita e percebeu que ela o observava. Logo, ambos desviaram seus olhares. Demian, para o chão, e Talita para Mia.
— Você precisa ir pegar aquela chave lá fora. — Disse Mia com autoridade demais.
— Não acredito que o portão esteja aberto. — Respondeu Talita, por Juliana.
— Lá fora — continuou Mia — tem apenas terra e pequenos arbustos. A iluminação é baixa, mas no controle existe um LED que fica piscando verde quando está perto do portão. Você vai pegar este controle e abrir o portão.
— Como? — Respondeu Juliana, que por algum motivo, parecia mais calma.
— Teleporte-se.
Houve silêncio. Apesar de a idéia ser absurda, nenhum deles discordava que ela conseguiria. Coisas absurdamente impossíveis aconteceram. Ninguém era capaz de criar dúvidas sobre mais nada. Nem mesmo a própria Juliana. A garota levantou-se e encarou Mia. Nada passou pela cabeça das duas. Não demorou muito para Juliana começar a andar em direção ao grande portão. Por alguns metros andou, mas logo correu. Juliana imaginou como era cair em um buraco, sem fim. Cair para todo o sempre, e sentir o frio na barriga por tanto tempo assim. Ela se teleportou a primeira vez para alguns metros a sua frente. Quando reapareceu, quase caiu, mas continuou a correr, e dessa vez ainda mais rápido pelos poucos metros que faltavam. Passou pela sua cabeça qual seria a sensação de atravessar um portão. Qual seria a sensação de ser menor que cada molécula que formavam aquele grande pedaço de aço. Qual seria a sensação de estar do lado de fora.
Novamente o buraco sem fim.
Ela estava fora... Em algum lugar lá fora.
Demian, Talita, Mia e Tom, ficaram sem dizer nada. Mia se colocou ao lado de Demian, que, hesitantemente a abraçou. Os poucos segundos pareceram longos. Aquilo era a única coisa que poderia dar errado. Juliana ter ido longe demais, ou até mesmo fugido.
Mia olhou para Demian por alguns segundos. As energia falhou no local, o que causou a queima de mais uma lâmpada. Mia ainda o olhava e beijou seus lábios. Demian apenas deixou. Nesse instante o portão começou a se abrir. As luzes, então, se estabilizaram novamente. Mia, ainda olhando para Demian, disse:
— Esse ao seu lado é Tom. A Talita você já conhece. E aquela lá fora... Juliana.
No mesmo instante, Juliana apareceu na frente deles, com uma confiança assustadora. Talvez um buraco sem fim, fosse a prova que cada um ali precisasse enfrentar.
— E eu ainda posso trazer objetos comigo! — Disse Juliana.
Então novamente ela sumiu, reaparecendo no grande portão. Deixando para trás apena suma grande gota de sangue, que se espalhou ao atingir o chão.
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