sexta-feira, 1 de abril de 2011

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Capítulo 6

         Ansiosos por esta sexta-feira?
         Hoje trago a vocês o Sexto capítulo de O Segundo Clã.
         Também trago uma novidade. Há umas semanas atrás gravei uma entrevista para minha parceira Camila Soares. Eis aqui o vídeo em primeira mão para vocês — Espero que ela não se importe!


         Agora, confira o sexto capítulo de O Segundo Clã. Não se esqueça de curtir nossa página no facebook, ao final de sua leitura!



[Capítulo 6]
                Apesar de pequena, a gota de sangue era nítida a todos. Demian e Tom a observavam, enquanto Talita e Mia olhavam para Juliana que se apoiava no portão. Mia já tinha ciência de que aquilo aconteceria cedo ou tarde, e sabia também que Talita, de alguma forma também tinha esse conhecimento. Naquele instante foi possível ouvir que Juliana estava Vomitando. Mia se apressou a chamar Demian para ajuda-la a socorrer a garota. Tom e Talita também foram.
                Juliana havia vomitado sangue. Sua garganta ardia e seu nariz escorria sangue. Ela estava apavorada, mas Demian tentava acalmá-la. Ou pelo menos tentava, pedindo. Mia precisava que todos vissem aquilo. Ela sabia que não iria demorar para que acontecesse, só não sabia com quem aconteceria.
                — Tenho certeza que em algum momento passou pela cabeça de vocês que são fortes. Ainda acham que são? — Mia disse isso sem mesmo olhar para os outros. Apenas continuou abaixada ao lado de Juliana com a mão em seu ombro. E continuou. — Isso aqui é uma demonstração do quão mais fracos todos nós estamos.
                Talvez alguém, naquele momento, quisesse dizer alguma coisa. Questionar esse comentário de Mia, ou ao menos entender o porque que aquilo aconteceu. Aquilo parecia ser o mais sensato a se fazer. Mas por algum insano motivo, todos eles já entendiam que iriam passar pelo mesmo, e que, por um motivo mais insano ainda, isso estava diretamente vinculado aos seus “poderes”.
                Ainda era estranho pensar em tudo aquilo. Quando crianças todos pensavam ser super-heróis. Imaginavam-se voando, com roupas estranhas e muito famosos. Adorados pela população de uma cidade inteira e extremamente fortes. E claro, sempre com sua capa. Combater o mal com a certeza de que no final a vitória seria garantida. Talvez em um futuro próximo ganhassem um filme nos cinemas, ou tivessem uma biografia publicada por alguma grande editora. O sonho de toda criança ou adolescente que teve uma infância bem vivida. Mas ao invés disso, ali estavam eles diante de uma realidade completamente diferente do que outrora sonharam.
                — Isso acontece quando seus... Poderes... — Houve uma pausa e Mia pigarreou. Talvez ainda não se sentisse a vontade dizendo esta palavra. Ainda lhe era utopia demais. — São usados de forma extrema. Vocês acabaram de “nascer”, seus corpos não tem força suficiente para aguentar o que acontece com... Isto.
                Talita a observava com certa repulsa mais ao mesmo tempo com atenção. Juliana já se sentia bem, e Demian agora estava de pé, ao lado de Tom e Talita.
                — E quanto a você? — Perguntou Demian, receoso.
                — Eu sou a mais desenvolvidas entre todos aqui presentes. — Seu coração acelerou, demonstrando que sabia que isso não era verdade. Felizmente ninguém mais percebeu. — Hoje meu corpo suporta muito mais os efeitos colaterais do que antes. Com o tempo, vocês também serão mais tolerantes, mas por enquanto, estão sujeitos a isso... — Mia olhou para o vômito de Juliana — E a coisas muito piores.
                — Tipo... — Tom encarou Mia.
                — Para onde vamos agora? — Interrompeu Talita.
                — Para minha casa. — Respondeu Mia.
                Tom concordou e abaixou a cabeça. Aos seus pés havia um grande galho de árvore. Todos olharam para ele, enquanto abaixava e segurava aquele galho. Tom tentava entender o que tudo aquilo poderia significar. Para ele era estranho o fato de como “isso” funcionava. Ele podia segurar aquele galho com uma única mão, e não aconteceria nada, mas assim que desejasse, poderia tocar a outra ponta daquele galho de árvore e fazer com que ela entrasse em chamas imediatamente. E foi isso que ele fez.
                — Isso aqui não pode ser verdade.
                Depois de dizer isso, Tom esticou seu braço direito, que segurava o galho, e sem qualquer dificuldade, o galho inteiro começou a queimar. Agora sua dúvida havia sido sanada. Tom não era afetado por aquelas chamas. Juliana tentou se aproximar para “socorrer” Tom, mas Demian a impediu. Segurou seu ombro e acenou com a cabeça para que apenas observasse. Talita e Mia faziam o mesmo. Tom segurava o galho que ia se desfazendo, próximo de si, enquanto sua mão também estava em chamas. Tudo o que sentia era um intenso calor sobre sua pele e as chamas dançando sobre ela. Nada mais. Sem dor. Sem sangue. Ele apenas observava tudo. Decidiu que antes que algo parecido com o que aconteceu com Juliana, também ocorresse com ele. Deixou, então, apenas que o galho terminasse de queimar no chão. Depois de tudo, apenas estralou os dedos de suas mãos, e as guardou em seus bolsos do moletom que usava.
                Ventava forte no local. Mia começava a sentir frio e Demian cedeu seu abraço para ela. Talita os olhou e em seguida olhou a todos, talvez apenas a procura de um disfarce.
                — E quanto a mim? — Sussurrou Demian para Mia.
                Mia o olhou, ainda abraçada com ele. Após alguns segundos, voltou a apoiar sua cabeça em seu peito. Permaneceu em silêncio por instantes e logo lhe respondeu.
                — Tudo em seu tempo, Demian... Tudo em seu tempo.

***

                Mia não mora longe de onde estavam anteriormente. Em poucos minutos estariam em sua casa. Andavam em dois grupos. Tom e Juliana, e não muitos passos à sua frente, Mia, Demian e Talita. Demian havia perguntado o por que de tudo aquilo, e a resposta que obteve foi a que menos desejava.
                — Eu não sei.
                — Desde quando você sabe de tudo isso?
                — Desde que aconteceu comigo.
                — E quando foi?
                — Acho que há um ano. Não me lembro bem.
                — E por que você nunca me contou?
                — Pelo mesmo motivo que você não contará a ninguém sobre isso agora.
                Um silêncio rápido pairou entre os três. Talita, apesar de estar ali, apenas escutava sem dizer ao menos uma palavra. Tom e Juliana aproveitavam para se conhecer. Apesar da garota ser bonita, não havia uma atração, ainda. Pelo menos não era possível haver alguma, em um momento como aquele.
                Todos precisavam de descanso. Se houvesse um relógio ali, estaria marcando quase 03h00 da manhã. Agora era tempo de perguntas e ela sabia! Por esse motivo estava levando todos para sua casa. Algumas coisas precisavam ser mostradas a eles. Poucas conversas se iniciaram durante o trajeto, todas elas apenas a nível de curiosidade sobre quem eram todos eles. Entre uma e outra, o silêncio acobertava-os da noite.

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